MVP ou MLP? Qual é melhor?
Um dia desses, estava conversando com um amigo sobre evoluções do conceito de MVP e mencionei o termo MLP. Ele me perguntou se o Google estava correto e eu estava falando mesmo sobre os pôneis que pareciam ter achado o pote no fim do arco-íris (procure “MLP” no google e entenda o caso🔎 🕵).
Brincadeiras a parte, a ideia de que o conceito de MVP pode e deve evoluir faz todo sentido para uma empresa que sabe que o sucesso do seu produto depende não só da sua funcionalidade, mas do seu potencial de encantar o consumidor. Porém, antes que eu comece a me aprofundar sobre isso, vamos por etapas.
MVP é o que mesmo?
O Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável), mais conhecido como MVP, é um termo popularizado por Eric Ries, no seu livro The Lean Startup. Ries trouxe este conceito como uma forma de criar produtos de maneira ágil, com ciclos de construir-medir-aprender.
Antes, produtos criados de forma tradicional acabavam tendo longos períodos de concepção, análise e elaboração. Já o MVP tem o objetivo de criar um produto mínimo, com apenas funcionalidades necessárias, que possam ser analisadas mais rapidamente no processo de validação. Neste contexto, o primeiríssimo ciclo, que Ries fala, consistiria na criação do MVP: um produto que tenha o mínimo possível de esforço, mas que possa resolver, de forma simples, a dor do usuário e posteriormente trazer aprendizados.
Produto mínimo construído, é hora de refinar, certo? Errado! Na metodologia Lean, a ideia é validar, o mais rápido possível, as hipóteses criadas. Dessa forma, ideias presumidas equivocadamente podem ser rapidamente deixadas de lado, e o primeiro contato com o usuário pode trazer ainda mais insights que poderão ser traduzidos em pontos de melhoria constantes.
O usuário final fornece dados para a validação do incremento do produto. A validação é essencial por duas razões: 1. correções e mudanças podem ser feitas em um estágio inicial do projeto, em vez de só aparecerem quando este estiver mais elaborado, reduzindo assim o risco do produto e 2. a complexidade de análise das hipóteses é reduzida. Paulo Caroli - The Lean Inception.
Se o MVP é tão consolidado, por que pensar no MLP?
Um Minimo Produto Viável, por definição, deve ser factível, valioso, usável e desejável, pegando uma fatia de cada uma dessas características.
Não é por entregar um MVP que o produto é ruim, simplório, incompetente. Não confunda inacabado com ruim, simples com simplório, incompleto com incompetente. O MVP deve ser factível (de ser criado), facilmente usável, gerar muito valor e ser incrível (“uau”)! Paulo Caroli - The Lean Inception.
Ainda que a metodologia usada para chegar no MVP tenha como premissa o design focado no usuário, muitas vezes, algumas features importantes são deixadas de lado por não serem vistas como prioritárias. No mundo real, onde os negócios dependem de muitas variáveis, frequentemente as escolhas de features acabam sendo pautadas por uma análise prática, focando no caráter incremental que o produto deverá ter, mas esquecendo do lado emocional.
Ao considerar a criação de seu próprio produto mínimo viável, esta regra simples é suficiente: remova qualquer recurso, processo ou esforço que não contribua diretamente para o aprendizado que você está buscando (Tradução livre). Eric Ries, The Lean Startup: How Today's Entrepreneurs Use Continuous Innovation to Create Radically Successful Businesses.
À primeira vista, essa abordagem faz todo sentido, já que decisões precisam ser tomadas a fim de ter o melhor resultado com o mínimo de custo (seja este operacional, temporal ou financeiro). Mas no contexto atual, em que por muitas vezes ideias de produtos são melhorias de outros que já existem no mercado e dificilmente será livre de concorrência naquele segmento, é essencial conquistar o público desde o primeiro contato. É nesse cenário que surge o conceito de MLP, o Minimum Lovable Product (Produto Mínimo Amável). O termo, criado por Brian de Haaff, no livro Lovability, fala de produtos que tem como objetivo não só resolver problemas, mas sim fazer os consumidores se apaixonarem.
Você tem que sair no mundo e descobrir o que constitui valor na mente de seus clientes. O objetivo não é mais criar o que as pessoas acham apenas legal, mas criar aquilo que o cliente não pode viver sem (Tradução livre). Brian de Haaff. - Lovability: How to Build a Business That People Love and Be Happy Doing It.
Um MLP leva mais tempo que um MVP e, logicamente, acaba tendo um custo maior, mas a aposta é no quanto a experiência pode ser diferencial para o usuário. Afinal, pensando numa visão estratégica, precisamos de pessoas que amem nossos produtos e não somente o encarem como uma solução funcional.
Se o MVP é um bolo de chocolate que mata sua vontade de comer doces, imagina receber uma fatia de torta no tamanho da sua fome, com uma apresentação agradável e uma experiência memorável? Essa torta é o MLP.
Via de regra, se um produto traz um conceito novo pro mercado, é mais interessante apostar no MVP, já que é a opção com mais velocidade para validar erros e acertos do processo. Também é importante salientar que mesmo o MVP já requer um bom trabalho de UX Design para entender o que é ou não negociável para o usuário naquele primeiro estágio. Apesar disso, sabemos que um conceito completamente disruptivo não é algo tão corriqueiro, sendo assim pensar numa solução que encante o cliente desde o primeiro contato é uma estratégia inteligente. É ai que entra o MLP.
Falando de maneira simplista, o MVP é criado para nascer funcional e evoluir. O MLP, para já ser amado pelos usuários desde o primeiro momento . Obviamente, ter sucesso é o que todos querem, mas existem decisões que irão indicar a escolha de um em detrimento do outro. O importante é entender qual o momento que o seu produto está e com qual dos dois pode ser mais beneficiado.
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